quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CROQUI



O desenho, assim como a fala e a escrita, é uma forma natural de linguagem do homem, um meio de expressão. Como linguagem, permite-lhe expressar-se e registrar suas idéias, a fim de que outros possam, inclusive, compreendê-lo e preservar o conhecimento.

Como uma linguagem natural do homem, devemos observar a importância da fluidez entre o pensar e o gesto manual que “executa” tal pensamento, por menos técnico seja esse movimento. Para o arquiteto o desenho assume uma importância maior, pois é através dele que se realizará o diálogo entre a mente (a idéia) e o construído (o papel), permitindo-o refletir sobre o projeto.
Medo de muitos que não estão na faculdade é justamente aquilo com o qual o estudante deveria ter como aliado.

"Tenho que saber desenhar para fazer arquitetura?" 

A resposta é não, desenho técnico é um desenho aparelhado, aonde o estudante que cresceu com o dom do desenho sentirão que toda sua experiência serão limitadas e trabalharão como todos os outros alunos com réguas, esquadros, compasso, escalímetro, etc; Este tipo de desenho depende muito mais do empenho do aluno do que apenas saber desenhar. O croqui é a expressão da idéia
os traços na folha por mais simplórios e desajeitados são sempre efetivos pois o croqui é um desenho por onde acessamos as idéias um grande exemplo são os desenhos de Oscar Niemeyer arquiteto renomado, cujos croquis transmitem a forma sem trazer consigo os detalhes e outros pormenores que devem ser trabalhados somente após o traslado da idéia inicial.

  

“Instrumento entre o pensar e o fazer, comunicação e registro das idéias, feito e refeito inúmeras vezes até que satisfaça a todos os padrões e exigências imaginados, o desenho não é apenas o momento técnico do processo. Esclarece, ordena e estrutura as idéias”.

Enquanto ordena as idéias gestadas na mente (o universo das idéias), o desenho também favorece a criação, mostrando-se campo fértil para a emergência de novas possibilidades, encontramos por vezes a concepção do projeto através de um traço livre e despretencioso.



Torna-se claro, assim, a importância do croqui para a criação da arquitetura. O croqui é o desenho que
“fornece meios de melhor examinar e perceber as idéias concebidas, é o elemento através do qual o universo conceitual deverá se tornar real, projeção que permite visualizar melhor e ordenar as relações imaginadas. Auxilia a invenção e dá conhecimento a respeito do objeto” seja o mesmo grande ou minímo, um detalhe simplório ou a cereja do bolo do seu projeto, desenhar é esquematizar e explicar detalhes por meio do desenho, pois na sua ausência é o seu trabalho que lhe representará.
 
“o registro imediato da imagem mental, geradora do projeto. Caracteriza-se por um desenho expressivo, rápido e espontâneo, geralmente não instrumental e que interage no processo de projetar, promovendo um registro imediato da imagem mental (caracterizada por vezes nesse processo pela instabilidade e pela indeterminação de detalhes), criando possibilidades de controle e escolha de alternativas”. 

Durante os estudos, desenhos e análises do produto (idéia) o nosso consciente e sub-consciente passeia por todo o projeto nos fazendo ler e reler o projeto, seria algo como uma cópia de emergência que ficará disponível até o momento em que vire um desenho onde ficaram impressas as idéias iniciais.


SENTAR-SE EM UM AMBIENTE TRANQUILO, TOMAR UMA FOLHA DE PAPEL MANTEIGA E DEIXAR A IDÉIA APARECER AOS SEUS OLHOS, CONTROLANDO O TRAÇO DA LÁPISEIRA, BUSCANDO ESTIMAR A ESCALA DO DESENHO, AINDA É ROTINA PARA MUITOS PROFISSIONAIS. É MUITO PRAZEROSO
VER O DESENHO SAIR SEM TER QUE SE PREOCUPAR OU CONFUNDIR-SE COM AS MUITAS CORES E LAYERS QUE VEM A TONA COMO UM DESENHO SINTÉTICO SEM CARÁCTERÍSTICA HUMANAS, APENAS MAIS UM TRABALHO TÉCNICO.  
 

“Aborda-se a rapidez do croqui como uma necessidade de fixar a primeira idéia, porque atrás dela novas idéias vêm surgindo. Essa agilidade de se trabalhar com a mão e o cérebro é, pois, a verdadeira razão desse desenho: fixar, comparar, combinar imagens mentais, e no próprio croqui se desvendam as possibilidades estruturais”.


Muitas vezes a melhor e mais rápida solução é o croqui, podemos simular diversas situações sem alterar a idéia original, pois o papel aceita muitas bem novas idéias, o que o CAD não faz com tanta flexibilidade, no software cada mudança implica na desconstrução e reconstrução do desenho com o aumento do trabalho também aumenta-se por consequência a probabilidade de erro durante o processo.

“Os croquis, mesmo depois do advento do CAD, continuam sendo atividade central na prática do projeto arquitetônico e, mais do que qualquer outro método, caracterizam o processo de projetar. O uso do croqui parece dar suporte ao pensamento criativo”.

É importante que os arquitetos se dêem conta de que a ferramenta computacional é um meio a mais, e não um substituto total. Ela não vem substituir mas sim agregar-se aos outros” meios de se projetar como por exemplo o estudo dos volumes construindo-se uma maquete.
  
Daí a persistência da dúvida de alguns arquitetos: a imersão total nas novas tecnologias ou a escolha por um caminho de diálogo e interação entre os vários saberes? Escolhas que o tempo irá mostrar quais as mais corretas.

   

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